17.4.12

Pedaços de Amor


Fechei os olhos, e inspirei tal como me mandaram. Um ar sujo que rapidamente se tornou leve. Está tudo escuro, e vejo ao fundo uma luz. Sem forma e não consigo ver. Foco-me naquilo que quero contemplar. Um ponto de interrogação? O que significa um ponto de interrogação? Estou curiosa. E ao longe, ouço uma voz da Terra, diz para me imaginar no cimo de uma escada. Dessa escada eu vejo o mundo como se estivesse numa montanha. Não é como os comuns mortais a vêm. É mais que isso. Energia, a ligação, as cores, o amor. Virei costas e comecei a descer as escadas. No fundo está algo que me é familiar. Uma floresta tão verde quanto a mais verde folha de primavera, um novo regresso a casa. Quero chegar lá o mais depressa possível, mas não quero apressar. Tudo tem o seu tempo devido. Uma escada com dez degraus, e eu conto-os um por um. “Já faltou mais para voltar a casa” pensei eu. E já estou a chegar ao último patamar que me afasta da minha verdadeira família. Inspirei de novo, profundamente. Olho para a frente e os meus olhos brilham. Descalça, desci o último degrau. Sinto o orvalho frio da relva em contacto com as terminações nervosas do meu pé. Frio, penetrante, intenso. Uns pássaros a cantar e ouvi ladrar a uns metros. Olhei para ti e vi-te de novo. Tive saudades tuas. Partiste mas sei que não me deixaste sozinha. E todas as noites penso em ti e em todos os outros. Olho para o teu lado e vi que estavas acompanhado. O meu tigre, como sempre. O meu coração é vosso, e o vosso é meu. Ligações que nunca poderão ser compreendidas. Chegam os dois ao pé de mim, para me receberem. Desci o último degrau que me faltava para vos dar amor.


Algo me despertou a atenção que era vossa. O som de um piano levou-me a voltar a cabeça. Quando olhei para ele, estremeci. Na vida Terrestre não sei quem ele é, mas o meu coração sabia. Ele sabia, e apenas isso importa. Fui ter com ele, e vocês vieram atrás de mim. Sempre como guarda-costas. Sentei-me a seu lado e continuei a ouvi-lo a tocar. E ficámos assim.


Ouço mais uma vez, a voz de um homem a dizer que eu tenho de voltar. Subir as escadas mas eu não quero. Quero ficar em casa. Mas o que tem de ser, tem mais força. Caminhei até aos degraus e despedi-me de vocês, uma lagrima caiu-me dos olhos. A saudade de casa é grande, e por isso vou voltar para vos ver. Comecei então a erguer um pé, tenho de ir. Abri os olhos, e tinha a lágrima na cara. Sou feliz por vos ter a meu lado, e tal como vocês estarão sempre incondicionalmente para mim, eu vou estar para vós. Nunca desistam de mim, pois não o farei por vocês.


Aguardo mais um momento para voltar a casa e vos visitar. Do Coração, Mónica.





23:06h, 16 de Abril de 2012